sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Da relação direta entre ter de limpar seu banheiro você mesmo e poder abrir sem medo um Mac Book no ônibus

Excelente texto extraído do blog de Daniel Duclos, brasileiro que atualmente mora na Holanda. De uma lucidez impressionante.



A sociedade holandesa tem dois pilares muito claros: liberdade de expressão e igualdade. Claro, quando a teoria entra em prática, vários problemas acontecem, e há censura, e há desigualdade, em alguma medida, mas esses ideais servem como norte na bússola social holandesa.
Um porteiro aqui na Holanda não se acha inferior a um gerente. Um instalador de cortinas tem tanto valor quanto um professor doutor. Todos trabalham, levam suas vidas, e uma profissão é tão digna quanto outra. Fora do expediente, nada impede de sentarem-se todos no mesmo bar e tomarem suas Heinekens juntos. Ninguém olha pra baixo e ninguém olha por cima. A profissão não define o valor da pessoa – trabalho honesto e duro é trabalho honesto e duro, seja cavando fossas na rua, seja digitando numa planilha em um escritório com ar condicionado. Um precisa do outro e todos dependem de todos. Claro que profissões mais especializadas pagam mais. A questão não é essa. A questão é “você ganhar mais porque tem uma profissão especializada não te torna melhor que ninguém”.
Profissões especializadas pagam mais, mas não muito mais. Igualdade social significa menor distância social: todos se encontram no meio. Não há muito baixo, mas também não há muito alto. Um lixeiro não ganha muito menos do que um analista de sistemas. O salário mínimo é de 1300 euros/mês. Um bom salário de profissão especializada, é uns 3500, 4000 euros/mês. E ganhar mais do que alguém não torna o alguém teu subalterno: o porteiro não toma ordens de você só porque você é gerente de RH. Aliás, ordens são muito mal vistas. Chegar dando ordens abreviará seu comando. Todos ali estão em um time, do qual você faz parte tanto quanto os outros (mesmo que seu trabalho dentro do time seja de tomar decisões).
Esses conceitos são basicamente inversos aos conceitos da sociedade brasileira, fundada na profunda desigualdade. Entre brasileiros que aqui vêm para trabalhar e morar é comum – há exceções -  estranharem serem olhados no nível dos olhos por todos – chefe não te olha de cima, o garçom não te olha de baixo. Quando dão ordens ou ignoram socialmente quem tem profissão menos especializadas do que a sua, ficam confusos ao encontrar de volta hostilidade em vez de subserviência. Ficam ainda mais confusos quando o chefe não dá ordens – o que fazer, agora?
Os salários pagos para profissão especializada no Brasil conseguem tranquilamente contratar ao menos uma faxineira diarista, quando não uma empregada full time. Os salários pagos à mesma profissão aqui não são suficientes pra esse luxo, e é preciso limpar o banheiro sem ajuda – e mesmo que pague (bem mais do que pagaria no Brasil a) um ajudante, ele não ficará o dia todo a te seguir limpando cada poerinha sua, servindo cafézinho. Eles vêm, dão uma ajeitada e vão-se a cuidar de suas vidas fora do trabalho, tanto quanto você. De repente, a ficha do que realmente significa igualdade cai: todos se encontram no meio, e pra quem estava no Brasil na parte de cima, encontrar-se no meio quer dizer descer de um pedestal que julgavam direito inquestionável (seja porque “estudaram mais” ou “meu pai trabalhou duro e saiu do nada” ou qualquer outra justificativa pra desigualdade).
Porém, a igualdade social holandesa tem um outro efeito que é muito atraente pra quem vem da sociedade profundamente desigual do Brasil: a relativa segurança. É inquestionável que a sociedade holandesa é menos violenta do que a brasileira. Claro que aqui há violência – pessoas são assassinadas, há roubos. Estou fazendo uma comparação, e menos violenta não quer dizer “não violenta”.
O curioso é que aqueles brasileiros que queixam-se amargamente de limpar o próprio banheiro, elogiam incansavelmente a possibilidade de andar à noite sem medo pelas ruas, sem enxergar a relação entre as duas coisas. Violência social não é fruto de pobreza. Violência social é fruto de desigualdade social. A sociedade holandesa é relativamente pacífica não porque é rica, não porque é “primeiro mundo”, não porque os holandeses tenham alguma superioridade moral, cultural ou genética sobre os brasileiros, mas porque a sociedade deles tem pouca desigualdade. Há uma relação direta entre a classe média holandesa limpar seu próprio banheiro e poder abrir um Mac Book de 1400 euros no ônibus sem medo.
Eu, pessoalmente, acho excelente os dois efeitos. Primeiro porque acredito firmemente que a profissão de alguém não têm qualquer relação com o valor pessoal. O fato de ter “estudado mais”, ter doutorado, ou gerenciar uma equipe não te torna pessoalmente melhor que ninguém, sinto muito. Não enxergo a superioridade moral de um trabalho honesto sobre outro, não importa qual seja. Por trabalho honesto não quero dizer “dentro da lei” -  não considero honesto matar, roubar, espalhar veneno, explorar ingenuidade alheia, espalhar ódio e mentira, não me importa se seja legalizado ou não. O quanto você estudou pode te dar direito a um salário maior – mas não te torna superior a quem não tenha estudado (por opção, ou por falta dela). Quem seu paí é ou foi não quer dizer nada sobre quem você é. E nada, meu amigo, nada te dá o direito de ser cuzão. Um doutor que é arrogante e desonesto tem menos valor do que qualquer garçom que trata direito as pessoas e não trapaceia ninguém. Profissão não tem relação com valor pessoal.
Não gosto mais do que qualquer um de limpar banheiro. Ninguém gosta – nem as faxineiras no Brasil, obviamente. Também não gosto de ir ao médico fazer exames. Mas é parte da vida, e um preço que pago pela saúde. Limpar o banheiro é um preço a pagar pela saúde social. E um preço que acho bastante barato, na verdade.
Fonte:


                                                 Postado por:
Bruna Sonaly Diniz Bernardino
Kilma Wayne
Graduandas do Curso de Pedagogia(UFCG) e Bolsistas do PET.

sábado, 23 de novembro de 2013

XII Fórum Paraibano dos Grupos PET

O Fórum Paraibano dos Grupos PET é um evento realizado anualmente, unindo todos os Grupos PET do estado, com o objetivo de discutir questões relevantes para os grupos e para o programa como um todo. Os temas a serem abordados no Fórum são levados para a discussão no ENEPET (Encontro Nordestino dos Grupos PET), os quais, por sua vez, são discutidos no ENAPET (Encontro Nacional de Grupos PET).
Em 2013, o XII Fórum foi realizado no dia 09 de novembro na cidade de Areia, no Centro de Ciências Agrárias – UFPB, e o PET/Pedagogia da UFCG esteve presente.
O evento foi composto por Grupos de Trabalho, Grupos de Discussão, Reunião de Tutores, Reunião de PETianos e Assembléia Geral.
Assim como decido no XI Fórum Paraibano dos Grupos(2012), a representação discente  Paraibana fica a cargo de dois alunos de cada instituição. Os representantes eleitos da UFCG são: Thiago Almeida (PET/Computação) e Bruna Diniz (PET/Pedagogia).

PET/Computação(UFCG) e PET/Pedagogia(UFCG)

Abertura

Apresentação de trabalho



                             


                                                                                                                      Postado por:
Bruna Sonaly Diniz Bernardino
Vanessa Barbosa da Silva
 Graduandas do Curso de Pedagogia da UFCG e Bolsistas do PET.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

MEC poderá atender só a Educação Básica.


O MEC poderá atender só a Educação Básica. Pelo projeto do Senado, o Ensino Superior passaria para o Ministério de C&T.

     O Ministério da Educação (MEC) poderá ficar encarregado de atender apenas da Educação Infantil ao Ensino Médio. O projeto que transforma o MEC em Ministério da Educação de Base foi aprovado ontem na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Pelo texto, o Ensino Superior passaria a ser regulado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A matéria segue agora para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

    O autor do PLS 518/2009, senador Cristovam Buarque, argumenta que a mudança é necessária, pois o governo federal tem dado mais importância ao Ensino Superior do que à Educação Básica, "um erro grave", em sua opinião. Já o relator do projeto na Comissão, senador Aloysio Nunes, reconhece o mérito da proposta, embora frise que a União vem atuando, nos últimos anos, de maneira crescente na Educação Básica, em razão, até mesmo, da pressão do Parlamento para que o Poder Executivo assuma mais responsabilidades para com os sistemas de Ensino - atuação ainda tímida e insuficiente, na avaliação do senador.
 Aloysio, entretanto, apontou vício de iniciativa do projeto, já que a criação de ministérios e órgãos da administração pública é competência exclusiva da Presidência da República, assim como a organização e o funcionamento da administração federal, quando não implicar em aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. Como a análise da constitucionalidade da proposta compete à CCJ, o relator apresentou parecer favorável para que a matéria prossiga na tramitação e seja reavaliada.



Fonte: CORREIO DO POVO - RS 
Postado por:
Vanderléia Lucena Meira
Graduanda do Curso de Pedagogia(UFCG) e Bolsista do PET.